ATA DA QÜINQUAGÉSIMA TERCEIRA SESSÃO SOLENE DA SEXTA SESSÃO LEGISLATIVA
ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 04.10.1988.
Aos quatro dias do mês de outubro do ano de mil novecentos e oitenta e
oito reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal
de Porto Alegre, em sua Qüinquagésima Terceira Sessão Solene da Sexta Sessão
Legislativa Ordinária da Nona Legislatura, destinada à entrega do Título
Honorífico de Cidadão Emérito ao Sr. Amaury Soares Silveira, concedido através
do Projeto de Resolução n° 28/88 (proc. n° 1363/88). Às dezenove horas e trinta
e seis minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou
abertos os trabalhos e convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário
as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver. Artur
Zanella, 1° Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, no exercício
da Presidência; Dr. Sinval Guazelli, Vice-Governador do Estado do Rio Grande do
Sul; Ver. Brochado da Rocha, Prefeito Municipal em exercício; Sr. Amaury Soares
Silveira, Homenageado; Srª. Iracy Silveira, esposa do Homenageado; Dr. Voltaire
Giazarina Marensi, Assessor Jurídico do Ministério da Justiça, representando,
neste ato, o Dr. Paulo Brossard de Souza Pinto; Irmão Avelino Madalozzo,
Vice-Reitor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; Dep.
Irani Muller, representando, neste ato, a Assembléia Legislativa do Estado;
Ver.ª Gladis Mantelli, 1ª Secretária da Câmara Municipal de Porto Alegre. A
seguir, o Sr. Presidente concedeu a palavra ao Vereador Hermes Dutra que, em
nome das Bancadas do PDS e PL, analisou o significado do título hoje concedido
ao Sr. Amaury Soares Silveira, como o reconhecimento da comunidade aos que por
ela trabalham e uma homenagem à entidade da previdência privada representada
por S.Sa.. O Ver. Flávio Coulon, em nome da Bancada do PMDB, discorreu sobre a
trajetória profissional do Homenageado, ressaltando ser S.Sa. um exemplo da
potencialidade e do espírito humano, capaz de abranger, com eficiência, as mais
diversas áreas de trabalho da nossa comunidade. O Ver. Brochado da Rocha,
proponente da Sessão, teceu comentários sobre os motivos que o levaram a
propô-la, salientando a atuação do Homenageado como Engenheiro Militar e como
participante da atividade previdenciária, área de valor fundamental dentro da
sociedade atual. A seguir, o Sr. Presidente concedeu a palavra ao Dr. Sinval
Guazelli, que saudou o homenageado. Após, o Sr. Presidente convidou o Ver.
Brochado da Rocha a proceder à entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito
ao Sr. Amaury Soares da Silveira. Ainda, o Sr. Presidente fez a entrega do
Troféu Frade de Pedra ao Homenageado e concedeu a palavra a S.Sa., que
agradeceu o título recebido. Em continuidade, o Sr. Presidente fez pronunciamento
alusivo à solenidade, convidou as autoridades e personalidades presentes a
passarem à Sala da Presidência e, nada mais havendo a tratar, levantou os
trabalhos às vinte horas e trinta minutos, convocando os Senhores Vereadores
para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram
presididos pelo Ver. Artur Zanella e secretariados pela Ver.ª Gladis Mantelli.
Do que eu, Gladis Mantelli, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente
Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Senhor
Presidente e por mim.
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Hermes Dutra pelas Bancadas do PDS
e PL.
O SR.
HERMES DUTRA: Exmo. Ver. Artur Zanella, 1º Vice-Presidente da Câmara
Municipal de Porto Alegre, no exercício da Presidência, Srs. Vereadores, minhas
senhoras e meus senhores, amigos e colaboradores do nosso homenageado, Sr.
Amaury Soares Silveira. Esta Casa já ao apagar das luzes desta Legislatura
procura, através de um ato de profunda justiça de autoria do nosso ilustre
Presidente, Ver. Brochado da Rocha, homenagear uma personalidade de nossa
cidade com o Título de Cidadão Emérito. E o que significa, Sr. Presidente, Srs.
Vereadores e senhores convidados, a concessão do Título de Cidadão Emérito de
Porto Alegre e o significado que tem esta solenidade? Vamos ver se conseguimos,
na modesta mensagem que vamos transmitir, em nome do meu Partido, PDS e em nome
do PL, o que entendemos como significado desta Sessão. Em primeiro lugar, é
dever do Vereador e por conseqüência desta Casa, dizer à cidade e deixar
registrado, para que a história
perenize, o nome daqueles que escrevem seu nome pelos seus atos, pelas suas
obras, caráter, pelo que são, pelo que fazem e proporcionam aos outros fazerem.
A solenidade de entrega deste Título, quando se reúnem os Vereadores, amigos do
homenageado, seus familiares, representa na verdade o coroamento de uma
tramitação que não começou hoje, mas que começou há mais tempo, quando teve a
feliz idéia o Ver. Brochado da Rocha, apresentando o Projeto e que esta Casa,
unanimemente, acolheu. E, ao escrever, na galeria dos cidadãos Eméritos desta
Cidade, o nome de Amaury Soares Silveira, homenageia o homem, o dirigente, o
profissional, o empresário e também o segmento que ele representa, que é
entidade de Previdência Privada personificada na Associação dos Profissionais
Liberais Universitários do Brasil que ele muito bem conduz.
Na verdade, a Previdência Privada, em nosso País de história, ainda recente, se considerarmos a história do País, tem um significado muito grande no que diz respeito à própria liberdade do cidadão, porque ao termos a oportunidade de bem escolhermos que nos deve dar a previdência, estamos fazendo um exercício de cidadania. E o exercício de cidadania se processo essencialmente pelo direito de escolha. E o ramo que o senhor representa, Sr. Amaury, para nós tem um significado muito grande, seja pela segurança que dá às famílias, seja pelo que representa de captação de poupança, que é investida de forma produtiva, e que se transforma como pinças avançando em outras organizações, transformando muitas vezes pequenas empresas em grandes conglomerados, como é o caso da nossa APLUB de hoje. Por isso, não me estendendo muito, quero que o Sr. Receba, ao lado desta homenagem oficial que esta Casa lhe faz, o abraço sincero dos membros do meu Partido e do Partido Liberal, dizendo-lhe que, quando votamos o seu nome, votamos com o maior prazer, sabendo que estávamos fazendo, sobretudo, justiça. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, pela Bancada
do PMDB, Ver. Flávio Coulon.
O SR. FLÁVIO COULON: Minhas senhoras, meus
senhores. No primeiro semestre deste ano a IBM trouxe a Porto Alegre, ao Salão
de Festas da Reitoria da UFRGS, uma grande exposição sobre o gênio de Leonardo
da Vinci. Percorrendo seus corredores, reflexione, na época, em o quanto o
espírito humano é por natureza livre. Leonardo foi pintor, escultor, escritor,
engenheiro, arquiteto, naturalista e inventor, um sábio completo que esteve,
como se costuma dizer, “muito à frente do seu tempo”. Foi, acima de tudo, um
erudito cuja sede de conhecimento nunca se limitou a um campo específico.
Lembrei dele, e de sua exposição, ao pensar neste pronunciamento.
Geólogo de formação, sempre procurei manter-me aberto aos progressos do
conhecimento humano. Não acredito que possamos nos fechar em uma especialização
técnica qualquer (qualquer uma) sem que sejamos atropelados pela realidade do
progresso geral. Mantive sempre, é claro, estreita vinculação com minha área profissional,
mas sempre aberto às perspectivas de transformação da realidade, tanto técnicas
quanto políticas e sociais. Foi respeitando este ecletismo que exerci a
presidência do CREA, entre 76 e 78, da Associação dos Docentes da UFRGS, entre
83 e 85, e, também, que procuro pautar minha atuação nesta Câmara.
Foi com imensa satisfação, portanto, que percebi na trajetória de
Amaury Soares Silveira a mesma disposição a enfrentar os desafios do novo.
Também ele teve uma formação eminentemente técnica, primeiro como Engenheiro
Militar, depois como Engenheiro Civil. Não faz muito tempo, era comum ouvirmos
dizer que pessoas com este tipo de formação acabam com horizontes muito
limitados para exercerem atividades em outras áreas. Seria como se as
especializações técnicas insensibilizassem as pessoas para as nuances de outras
atividades, onde o componente humano entre como uma variável de caráter
dominante.
E, no entanto, aí está nosso homenageado, a provar que não é nada
disto. Engenheiro, tornou-se também Analista de Métodos e Sistemas. Fez depois
um curso de Gerência Empresarial na Itália, e agora o temos ligado ao setor da
previdência privada, presidente da Companhia de Seguros Previdência do Sul,
presidente da Associação dos Profissionais Liberais Universitários do Brasil,
APLUB, presidente da Associação Nacional da Previdência Privada, do Sindicato
das Entidades de Previdência Privado do Rio Grande do Sul, da APLUB Seguridade
Social e da APLUB Informática. É com o orgulho de quem já foi presidente do
CREA que subo a esta tribuna para homenagear fundamentalmente ao Engenheiro
Amaury Soares Silveira.
Homenageá-lo não apenas pelo que já fez e está fazendo, em termos diretos, nos cargos que ocupou e ocupa,
mas também pelo exemplo que dá a todos nós. Exemplo de ecletismo intelectual.
Exemplo de inquietação. Exemplo do potencial do espírito humano, contra os
preconceitos que pretendem limitar cada técnico, cada profissional, a uma única
especialidade. A grandeza humana certamente vai mais longe, como provam em
todos os tempos históricos os privilegiados que, como Amaury Soares Silveira
souberam ir além. Por estes exemplos, principalmente, ele merece hoje e sempre
as homenagens e os aplausos de todos nós. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Sr. Prefeito
Municipal em exercício, Ver. Brochado da Rocha, proponente da presente
homenagem.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Sr.
Ver. Artur Zanella, primeiro vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto
Alegre no exercício da Presidência e Srs. Vereadores, minhas senhoras e meus
senhores, na verdade um dos motivos, um dos objetivos da Câmara Municipal de
Porto Alegre é trabalhar no sentido de buscar apropriar-se para a Cidade de
Porto Alegre daquilo que a Cidade tem como fator humano de mais expressivo e
sobretudo daquelas pessoas que conseguem congregar sobre si uma série de forças
e uma série de elementos indispensáveis para que nossa Cidade, com suas
naturais dificuldades possa avançar. Para tal, cada um de nós fica a ajuizar
quais os valores reais a serem atribuídos, neste momento, e neste tempo a
cidadania de Porto Alegre. Disto, brotava estão uma análise, que de resto, já
foi oferecida pelos meus nobres pares que passaram por esta tribuna.
Fundamental era destacar a atuação brilhante do militar. Não só foi um militar,
mas sobretudo, um Engenheiro Militar, exitoso em seus cursos e sobretudo muito
cioso e consciente das suas responsabilidades de militar e de Engenheiro
Militar. De outra parte, é necessário colhermos o ensejo de mostrarmos que o
brasileiro, sobretudo o gaúcho da nossa terra teria de agregar uma
polivalência, e sair da área militar, com todo seu ritual e toda sua simbologia
própria para adentrar ao mundo civil também com suas características próprias e
também com seu mundo próprio, saindo então do seu campo da Engenharia
propriamente dito, avançava nosso homenageado em Análise de Sistemas e
alcançava o mundo empresarias. Muito bem analisava antes de chegar a esta
tribuna a importância que desempenha hoje em nosso mundo, Porto Alegre, a atividade
previdenciária. Esta é, em verdade, uma grande história, a atividade hoje
desempenhada pelo nosso homenageado como atividade previdenciária. E foi pelo
meu colega Dr. Voltaire, - muito bem lembrada, - esquecida por muitos anos, a
tal ponto que as entidades privadas não tinham sequer uma regulamentação. Esta
regulamentação custou muito a vir. Somente ela chegou no ano de 1977, mas,
sobretudo ela teve um período de acomodação e representa hoje para nós não só
uma pluralidade de opções necessárias ao mundo em que vivemos, mas sobretudo
ela representa também e fundamentalmente apesar de todas as leis, apesar de
todas as técnicas, ela representa um pouco mais, digamos que todas as técnicas
que possam fechar a previdência social na área privada, ela ainda tem um
elemento que é fundamental sem o que ela não vai funcionar, que é exatamente
como os dirigentes administram, movimentam esta atividade privada a nível
previdenciário.
E com este trabalho que V.Exa. vem desempenhando, oferece a todos nós
uma oportunidade de segurança de vez que estamos realmente protegidos pela lei,
mas estamos muito mais protegidos pelo patrimônio moral que V.Exa. representa.
Digo isso com absoluta tranqüilidade de vez que não conheço nenhum órgão
previdenciário que não assentasse neste fundamento, apesar de todo um
emoldurado de legislações que possam a ele ser destinados. Isso a cidade de
Porto Alegre teria que se apropriar, se apropriar do Dr. Amauri, faze-lo
cidadão e deixá-lo fundamentalmente comprometido com a nossa cidade.
Este Plenário que, normalmente, é habitado por partes interessadas ou,
fundamentalmente, por pessoas eleitas pelo povo de Porto Alegre, ele traduz o
espírito e a alma dos porto-alegrenses e traduz também o reconhecimento, traduz
a esperança, traduz a indicação do que nós desejamos encaminhar. Por esses
motivos todos nós teríamos que, realmente, escrever em pergaminho a sua
Cidadania e ter, com este gesto, que foi unânime na Casa, comprometido-o com a
cidade, com os nossos destinos e com as nossas obrigações.
Por isso, este gesto que é de agradecimento, sim, mas que é,
fundamentalmente, um chamamento para que todos nós possamos dividir a tarefa
que é fundamental de termos em destaque e bem perto de nós aqueles que
representam os valores maiores da nossa sociedade porto-alegrense. Por isso, a
Câmara Municipal está profundamente honrada e o Município de Porto Alegre em
tê-lo como Cidadão de Porto Alegre. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: S. Excelência o Sr.
Vice-Governador perguntava-me há pouco se o Regimento Interno da Casa era tão
rigoroso quanto o Regimento Interno da Assembléia, da Câmara Federal, do Senado
e de outras Casas Legislativas. Eu dizia que sim, que ele era rígido, mas não,
evidentemente, com ele que é um mestre de todos nós.
Com a palavra o Dr. Sinval Guazelli.
O SR. SINVAL GUAZELLI: Sr. Presidente; demais
integrantes da Mesa; Srs. Vereadores; meu caro Dr. Amaury Soares Silveira e sua
distinta companheira; amigos da APLUB; senhoras e senhores:
Não sei se esta oportunidade em que a palavra me é franqueada pelo Sr.
Presidente importa ou não numa ruptura do Regimento Interno desta Câmara
Municipal, de qualquer forma a atitude do Sr. Presidente em me conceder a
palavra neste instante revela o seu espírito liberal e democrático e nos dá uma
idéia muito simpática desta colenda Câmara Municipal.
Recolho com alegria esta oportunidade porque gostaria de dizer algumas
poucas palavras, quando cuida a Casa de homenagear o Dr. Amaury Soares
Silveira.
Tenho com o Dr. Amaury uma amizade que vai por mais de 30 anos. Nós
dois, jovens, em Vacaria, minha cidade natal, ele o tenente, e depois o capitão
Amaury, servindo no 3º Batalhão Rodoviário, e eu um jovem advogado que iniciava
as suas atividades profissionais. E pude naquele convívio aprender a admirar no
jovem oficial do nosso Exército, alguém que tinha uma grande curiosidade de
conhecer as coisas e as pessoas. Alguém que não ficava restrito às atividades
castrenses, mas que tinha uma grande sede de conhecimento, de todo e qualquer
ramo de atividade humana. Percebi desde logo no jovem oficial uma vocação para
servir a sociedade, alguém que queria discutir e aprender para poder servir.
Pude acompanhar a sua trajetória. Foi, realmente, um militar que soube honrar,
pela sua conduta, pelo seu comportamento, pela sua bravura, pela sua altivez,
soube honrar a farda que vestiu.
E, ao se iniciar nas atividades civis, desde logo, se revelou um
elemento singularmente empreendedor e aglutinador, e portanto um verdadeiro
líder, capaz de conduzir pessoas para alcançar metas, propostas, estudioso,
correto no proceder, corajoso no lance e audaz, o Dr. Amaury Soares Silveira
chega, hoje, nesta Câmara Municipal para receber esta alta distinção que,
seguramente, muito o honra como Cidadão Emérito da nossa Capital do Estado,
Porto Alegre; quero cumprimentar o ilustre Ver. Brochado da Rocha pela feliz e
oportuna iniciativa, e ao Plenário desta Casa, pela sua justa decisão.
Homenageamos um jovem que pela sua liderança na área empresarial
representa com autenticidade, hoje, no setor de previdência privada, uma
empresa nascida, crescida e consolidada aqui, no Rio Grande do Sul, e que é um
orgulho de todos nós rio-grandenses, a Associação dos Profissionais Liberais
Universitários do Brasil, a nossa querida APLUB; e ninguém melhor para
representar a entidade que o seu dinâmico Presidente, o nosso homenageado de
hoje.
Por isso, é que eu quis nesta rápida passagem por esta tribuna que me
honra muito, pela primeira vez aqui estar, eu quero me associar e penso que
posso falar em nome do Governador do Estado, me associar às homenagens desta
Câmara Municipal que deu acolhida à iniciativa do nobre Ver. Brochado da Rocha
para fazer do Dr. Amaury Soares Silveira Cidadão Emérito de Porto Alegre, com
justiça, na oportunidade correta. Sinto-me confortado como um amigo do
homenageado que o conheceu desde jovem e o acompanhou ao longo da vida, poder
vê-lo hoje aqui na condição de Vice-Governador e estar presente nesta
solenidade. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. Prefeito
Municipal em exercício, Ver. Brochado da Rocha, que faça a entrega ao nosso
homenageado do diploma que o torna Cidadão Emérito da cidade. Peço a platéia
que receba, de pé, junto com o homenageado esse diploma.
(Procede-se à entrega do diploma.) (Palmas.)
Esta Casa também tem o seu símbolo que é o Troféu Frade de Pedra que
traduz o apreço da população porto-alegrense a todas as pessoas que de alguma
forma prestam serviço à comunidade. Historicamente traduz a hospitalidade
rio-grandense, uma vez que representa o símbolo da fraternidade e boas vindas.
Entregaremos agora ao nosso homenageado o símbolo da hospitalidade da
Câmara Municipal, para que tenha junto de si a homenagem do povo de Porto
Alegre.
(Entrega do troféu.) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE: É concedida a palavra,
neste momento, ao Sr. Amaury Soares Silveira.
O SR. AMAURY SOARES
SILVEIRA: Exmo. Sr. Ver. Artur Zanella, 1º Vice-Presidente da
Câmara Municipal de Porto Alegre, no exercício da Presidência, distintos
Vereadores desta Câmara Municipal, meus amigos aqui presentes:
Algumas vezes estive aqui, em cerimônias iguais a
esta, trazendo minha modesta solidariedade a amigos meus distinguidos com este
título de Cidadão Emérito. Em nenhum momento, porém, passou-me pela imaginação
pudesse eu estar na condição de homenageado com tão honrosa outorga. Nem no
mais fantasioso devaneio poderia imaginar-me alvo desta honraria. É assim,
pois, tocado por enorme surpresa que a recebo com um misto de sentimentos,
vários até antagônicos, como a pintar na sua diversidade de cores, todos os
tons do imprevisto. É alegria que se transmuta em seriedade; é orgulho que se
entrelaça à humildade; e é, também, vaidade. Por que não? Afinal quem não se
sentiria envaidecido ao ser levado à comunhão dos filhos ilustres desta terra?
É esta vaidadezinha matreira que se insinua entre outros e melhores
sentimentos, não a disputar com eles a primazia da personalidade, mas a
dar-lhes o tempero do realismo e que teria levado La Rochefoucauld a afirmar
que a virtude não iria muito longe se a vaidade não lhe fizesse companhia.
Pois aqui estou cheio de alegria, aquela alegria
efusiva que sempre nos traz qualquer homenagem, alegria de ser lembrado, de
receber a solidariedade dos amigos, o abraço fraterno dos companheiros. A
alegria que se transforma em seriedade pelo caráter cívico deste laurel, com a
gravidade da mais alta corte representativa do povo porto-alegrense. Aqui estou
cheio de orgulho próprio dos que se sentem destacados. Mas, acima e mais forte
do que todos estes sentimentos, está a humildade de quem recebe este galardão
não como um prêmio, mas como um desafio, um imperativo a que continue sempre na
trilha do cumprimento do dever, do devotamento ao trabalho, do comprometimento
com a sociedade, da fidelidade aos seus ideais e da solidariedade aos
semelhantes. Este é o caminho que me trouxe até aqui e, confesso, não tanto por
escolha própria mas simplesmente porque não conheço outro. Este é o caminho que,
na primeira e mais intensa escola da vida, a casa paterna, me ensinaram, me
mostraram e me mandaram seguir. E quando, à beira desta caminhada, encontro
estações como esta, abrigos como este aqui, reconfortos de inexcedível
satisfação como este momento, sinto que é o caminho certo e que vale a pena
seguir, sem desconfianças nem desvios, e, encetada a jornada, sem nenhum
arrependimento. Não é largo este caminho, nem largas são as suas portas, como
preconiza o Evangelho de São Mateus, recomendando a porta estreita e o caminho
estreito, que levam à vida, enquanto o outro, a porta larga e o caminho
espaçoso, podem conduzir à perdição.
Ao palmilhar tal estrada sinto que dois
mandamentos me prendem a seus rumos: um, no plano ético, a me impulsionar como
um desígnio de meus pais, os primeiros a me apontarem e a nele me colocar, e um
incentivo de meus melhores amigos a nele permanecer; outro, no plano espacial,
fático, um impulso pertinaz que me conduz e, de forma compulsiva, me reconduz,
sempre, a esta Mui Leal e Valorosa Cidade.
A primeira vez, eu ainda menino, lá do portal das
Missões, fui arrancado cedo do meu berço para o primeiro contato com a
metrópole e estava Porto Alegre diante de mim não como um brinquedo, menino que
era, mas como uma responsabilidade: chegava para o primeiro embate da vida, o
do estudo, e não para os folguedos da infância descompromissada. Era a
predestinação: aqui seria a terra das minhas lutas e das minhas realizações.
Ainda num derradeiro apego ao torrão natal, volto
a Cruz Alta, mas o caminho implacável me fez retornar. E muitas vezes ainda me
levaria adiante, para depois me trazer novamente. Fiz muita dessas viagens e
posso dizer que o melhor delas sempre foi o retorno.
É imperativo da carreira militar, que havia
abraçado, a vida andarenga. Pois até essa circunstância o meu caminho
contornou, muitas vezes retendo-me aqui. Tempo suficiente para construir alguns
pilares.
Foi nesta cidade que encontrei ânimo para, num
acúmulo de atribuições, buscar uma profissão graduada. E foi aqui, também, que
encontrei aquela com quem, junto a mim, construiria a mais nobre das
realizações: um lar. E neste lar, os primeiros filhos.
As alegrias e aflições, risos e dores, são as
duas faces da existência que têm servido aos poetas de inspiração e que a mim serviram
de têmpera. A irredutibilidade destes antagonismos é a grande fatalidade da
vida e o foi também da minha, exigindo que fosse bem distante buscar alguém com
quem reconstruísse meu lar, alguém que pudesse, também, tornar-se
porto-alegrense e que aqui está, comigo, no meu lar refeito, na nossa Porto
Alegre, terra, também, de nosso filho, como a de meus outros filhos.
Senhores: venho a esta solenidade de mãos vazias.
Não trago nelas troféus de grandes conquistas, nem a cabeça coroada de louros.
A ela chego constrangido pela pobreza do mérito diante da grandeza do título.
Confesso, e peço que me acreditem, jamais persegui o sucesso ou qualquer tipo
de glória. Tenho-me mantido restrito ao ditame de Einstein: “esforça-te para
ser não um homem de sucesso, mas um homem de valor”. Para mim, o valor a que se
referia o sábio, é a fidelidade a si próprio. Autenticidade, em suma.
Se de algo redunda, se o mérito surge de alguma
coisa que tenha feito, devo a uma característica atávica do meu modo de ser: a
fé, a crença, a pertinácia. Tudo o que faço é com uma determinação: acredito no
que faço ou nada faço quando não tenho
esta mesma fé. Um desejo ardente tem contribuído mais do que a competência
técnica para a realização dos meus desideratos. Não desprezo o conhecimento
racional, a ciência, a técnica. Sem isto, nada poderíamos fazer, a não ser uma
inútil contemplação dos fatos. Como profissional, sempre busquei o mais amplo
conhecimento e a mais correta aplicação da técnica, mas não esqueço que isto é
tão somente um instrumental,
indispensável, mas ferramenta, apenas. A razão adverte sobre o que devemos
evitar, mas é o coração que nos diz o que fazer. Faço aquilo em que acredito. A
atividade que hoje desenvolvo, parece, a princípio, manter, senão uma
incompatibilidade, pelo menos um distanciamento daquilo que foi minha
preparação profissional. Cheguei ao exército e dali, com naturalidade e até
como conseqüência, à Engenharia. Agora estou em algo aparentemente muito
diverso. No meu tempo de militar, não conseguia ver somente as armas; via os
homens. Também como engenheiro, nas obras que realizei, sempre me satisfez mais o convívio com as pessoas, o
contato com o obreiro do que com a obra. O que trago daquelas profissões para o
exercício de hoje é a arte de administrar. Por isto, não houve quebra de
continuidade. Quando encerrei a carreira militar, a grande escola de minha vida, um dilema se pôs diante de mim:
dedicar-me à Engenharia ou ligar-me à previdência. Foi uma opção tranqüila,
embora, na época e para muitos, a previdência privada não fosse uma alternativa
tentadora. Era-o, para mim, por compatibilidade com o que, anteriormente,
chamei de valor de um homem: a autenticidade, a fidelidade a si próprio.
Até mesmo porque, convidado, que fora por amigos
a ingressar na APLUB, esta escolha me faria voltar, mais uma vez, a esta
cidade.
Eu acredito na previdência privada e acredito de
duas maneiras. Pessoalmente, encontro aí a oportunidade de me realizar como
administrador. No plano institucional, ela constitui um valioso instrumento de
realização social.
Foi-se, há muito, o tempo de se questionar a
previdência privada. Hoje, no mundo todo, ela só não existe onde não há
previdência nem privatismo. Há um consenso de que a previdência é um dever do
Estado. Ontologicamente é um dever do Estado, porquanto há a preocupação com a
segurança futura, a subsistência do indivíduo. Mas há, também, de forma
inegável, o direito do cidadão de estabelecer seu padrão de subsistência.
É na sutiliza destas duas declarações que se
estabelecem os limites entre a previdência social e a privada. A primeira, como
garantia mínima de subsistência; a segunda, como oportunidade de manutenção de
standard de vida.
Sou tomado de algum temor sempre que falo em
previdência privada: o temor da prolixidade, da incontinência verbal. O tema me
empolga e por vezes excedo-me no tempo e abuso da audiência. Vim receber um
título, não vim pregar.
Aristóteles, no seu trabalho de Política,
recomenda que “negociantes não devem receber títulos de cidadania, porque seu gênero
de vida é sórdido e contrário às virtudes”. Ainda bem que, para cada pensamento
sábio há outro pensamento sábio contraditório. E é lá, na antigüidade, que
encontramos o contraditório, no pensamento de Plutarco: “Deixar de cometer
erros está fora do alcance do homem. Entretanto, de seus erros e enganos, o
sábio e o homem racional adquirem experiência para o futuro”. De lá até nossos
dias, muita experiência foi adquirida e é provável que os empresários de hoje
pouco tenham a ver com o perfil descrito por Aristóteles.
Em verdade não vivemos sob o império absoluto da
ética e da moral. Por vezes até chega-se a pensar que a sociedade, o mundo em
geral e não apenas o mundo dos negócios, está mais ocupada em refinar os vícios
do que aprimorar as virtudes. Mas isso não é motivo de desesperança. Ao
contrário, deve ser mais um fator, uma força a mais na busca da decência, da
justiça, da eqüidade, da lisura; enfim, de uma sociedade melhor.
Senhores: Vim aqui receber um título honorífico;
o de Cidadão Emérito de Porto Alegre. Título imerecido que se acrescenta,
creio, a um outro que o destino já me
havia dado: o de cidadão de Porto Alegre. Vim humildemente recebe-lo e devo
agradecer. Agradeço à colenda Câmara Municipal, especialmente ao seu
Presidente, o nobre Ver. Brochado da Rocha, responsável por tal proposição;
agradeço aos meus amigos que aqui vieram, aos meus colegas, aos meus
familiares. Agradeço a todos os que aqui estão.
Sinto-me tentado, ainda, a fazer uma promessa, um
juramento: assim como este título tanto me honra, hei de continuar pautando
minha vida de modo a, permanentemente, honrá-lo. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Este final de tarde, início
de noite, coroa um dos grandes dias porque esta Casa passou, quando discutíamos
na semana passada não imaginávamos que seu autor, Presidente desta Casa, Ver.
Brochado da Rocha, seria hoje o Prefeito da Cidade, não imaginávamos que o dia,
como todo dia de um Vereador ou de um morador desta Cidade, seria um dia tão atribulado,
e não imaginávamos que na Prefeitura de Porto Alegre o Ver. Brochado da Rocha,
que lá substituía o Sr. Prefeito, tivesse, hoje exatamente, o dia em que ele
imaginava uma grande festa para o nosso Cidadão Emérito, enfrentar uma greve,
enfrentar incêndios. Mas a vida é esta, eu que tanto lutei para ser o orador em
nome do Partido da Frente Liberal para homenagear o Dr. Amaury, termino,
presidindo a Sessão. A nossa vida é assim. Não esperava ouvir hoje o Dr. Sinval
Guazelli, uma palavra reclamada há muito por nós. E nós o ouvimos. E ouvimos,
principalmente, a voz de um homem que representa exatamente aquilo que o nosso
Regimento Interno preconiza, ao ser instituído o Galardão de Cidadão Emérito de Porto Alegre. E foi
com emoção que ouvi o Dr. Sinval Guazelli falar sobre Vacaria, que o Dr.
Guazelli não sabe é o berço da minha família, lá na longínqua Distrito de Ipê,
onde nasceu meu pai, hoje emancipada.
Esta Câmara sente-se grata com a presença de todos os Senhores e
senhoras. Sente-se grata com a presença do Dr. Amaury Soares Silveira, e da sua
Esposa Iracy Silveira; Dr. Sinval Guazelli, Vice-Governador do Estado do Rio
Grande do Sul; com o Ver. Brochado da Rocha, Prefeito em exercício; com o Dr.
Voltaire Marenzi, que representa o Ministro Paulo Brossard de Souza Pinto; com
o irmão Avelino Madalozzo, da nossa PUC;
Dep. Irani Muller, também de Cruz Alta como o nosso homenageado; Ver.ª Gladis
Mantelli, primeira Secretária da Câmara Municipal de Porto Alegre. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
Estão encerrados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 20h30min.)
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